Muitos de nós lembraremos das alturas vertiginosas das ações em 2020 e 2021 com nostalgia. Nessa era das ações de memes, parecia que o mercado em alta nunca terminaria. A liquidez estava fluindo de todos os lados e parecia que empresas como a Tesla, a Netflix, a Meta e similares estavam bem próximas do resultado mais seguro que você poderia encontrar.
Avançando para os dias de hoje, viu-se que todas essas ações caíram de 30 a 60% nos últimos seis meses. Embora existam, é claro, fatores cíclicos e macroeconômicos que afetam praticamente todo o mercado global, a história em torno das Big Techs dos EUA é única. Vários nomes menos famosos foram atingidos com ainda mais força, com algumas empresas tendo até 90% do seu valor eliminado desde novembro de 2021. Neste artigo, veremos os últimos acontecimentos influenciando as ações das empresas de tecnologia dos EUA enquanto tentamos determinar se há uma reversão de tendência no horizonte.
Bolhas sempre estouram
É comum a ideia de que olhando em retrospectiva tudo parece evidente, mas não foi preciso um oráculo para prever o crash que vimos no primeiro semestre deste ano. Durante a pandemia, analistas, comentaristas e quase todo mundo com um pouco de bom senso diziam o quanto o mercado de ações estava supervalorizado. As relações preço-lucro na casa das centenas eram comuns e era claro que uma correção seria apenas uma questão de tempo.
Dito isso, naturalmente havia algumas empresas que provavelmente revisitariam essas altas eventualmente (como a Tesla, a Meta e a Amazon) e outras que estavam apenas pegando carona no trem do hype (Block Inc, Sea Group e Shopify). À medida que começamos a ver a tendência de baixa desacelerar e o início de uma reversão tomar forma, os investidores de longo prazo talvez devam considerar escolher empresas como TSLA, AMZN, NFLX e META com um bom desconto médio de 30-40% em relação às altas históricas. Pode ser impossível identificar um fundo ou um topo, mas é fácil ver quando o mercado está oferecendo um negócio relativamente bom.
Verificando os boletins
Outra maneira testada pelo tempo de separar o joio do trigo ao caçar pechinchas na Nasdaq é observar os fundamentos. Para nossa sorte, muitas dessas empresas acabaram de divulgar seus relatórios de lucros do segundo trimestre, nos oferecendo uma visão totalmente atualizada de como seus negócios lidaram com a recente crise econômica.
A Tesla, por exemplo, conseguiu chocar os analistas de Wall Street ao superar tanto a receita (US$ 400 milhões acima dos níveis previstos) quanto o lucro por ação (de US$ 2,27 contra uma previsão de US$ 1,81). Isso foi particularmente impressionante dado o fechamento forçado de sua Gigafactory de Xangai, na media em que suas outras instalações de produção mais do que preencheram a lacuna para dar à Tesla o mês de maior produção da sua história.
O último relatório da Netflix mostra uma imagem semelhante, embora menos impressionante. Sempre foi esperado que o serviço de streaming perdesse assinantes, pois a forte dinâmica da inflação força muitos consumidores a apertar o cinto, mas, na verdade, a empresa perdeu apenas metade do número previsto (970.000 vs 2.000.000). Como resultado das revelações, as duas gigantes da tecnologia subiram 8% e 15%, respectivamente, desde terça-feira, 19 de julho, com a Amazon e a Meta também espelhando essa dinâmica.
A crise foi afastada?
Ainda é muito cedo para dizer se esta é uma genuína reversão da tendência ou apenas uma armadilha de alta convincente. Os investidores fariam bem em lembrar que a inflação ainda está alta e que o dólar americano anormalmente forte significa que as exportações dos EUA estão ainda menos atraentes para o resto do mundo. Os bancos centrais de todo o mundo estão sob pressão para aumentar as taxas de juros a uma velocidade alucinante, o que raramente é uma boa notícia para as ações. No entanto, é justo dizer que as bases para o crescimento sustentável ainda estão em vigor para muitas das queridinhas da Nasdaq.
A revolução verde certamente ajudará a TSLA e a META sem dúvida se beneficiará da criação do metaverso nos próximos anos. Além disso, a participação cada vez maior do mercado de entretenimento sustentada pelos serviços de streaming digital só pode beneficiar a OG Netflix a longo prazo. Alguns dos nomes menos estabelecidos da tecnologia, no entanto – aqueles que perderam mais de 70% de seu valor nos últimos 6-8 meses – provavelmente devem ser deixados de lado por enquanto. Alguns deles poderão parecer uma verdadeira pechincha daqui a 10 anos, porém muitos mais fornecerão retornos negativos ou até desaparecerão completamente. Como sempre, não aposte tudo: mantenha a diversificação adequada e, de modo geral, você poderá manter as perdas gerenciáveis.
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