É difícil caracterizar o ano de 2022 como outra coisa senão um completo desastre para o mercado cripto em geral. Nesta época no ano passado, o Bitcoin alcançava suas altas históricas acima de US$ 65.000, à medida que os fãs e analistas previam preços acima de US$ 100.000 nos meses seguintes. Como todos sabemos agora, isso não podia estar mais distante da realidade. Desde novembro de 2021, o Bitcoin perdeu mais de 70% de seu valor e, em 1º de novembro de 2022, valia US$ 20.418, um valor comparativamente irrisório. Durante grande parte do ano até agora, a maioria das outras moedas e tokens principais seguiu esse mesmo padrão decepcionante, mas então algo totalmente inesperado aconteceu.
A matilha cripto e a alta do DOGE
Enquanto a criptomoeda original estava presa em negociações laterais em uma faixa estreita em torno do seu suporte principal de US$ 20.000, o Scooby-Loo dos ativos digitais, Dogecoin, fez um movimento independente contra o cachorro alfa. Há apenas uma semana, no final de outubro, o DOGE conseguiu quase triplicar de valor, subindo de humildes US$ 0,059 para US$ 0,15, sua máxima em seis meses. Esse enorme impulso ascendente também foi acompanhado por um considerável aumento no volume de negociações diárias da moeda. De acordo com a Santiment, a empolgante ação dos preços também coincidiu com um aumento no número de transações de DOGE acima de US$ 100.000. Quando combinados, esses dois indicadores sugerem o crescimento da demanda de tokens de Dogecoin entre as baleias. Até mesmo o Shiba Inu, moeda inspirada no Dogecoin, subiu 60% em uma semana em meio ao lançamento de um guia para o Jogo de Cartas Colecionáveis do Shiba Inu. Mas o que está por trás dessa explosão aparentemente ilógica daquelas que foram pejorativamente apelidadas de "moedas meme"?
O inconfundível Elon Musk
A ortodoxia estabelecida do mercado de criptomoedas (se algo do tipo existir) tenderia a determinar que as 10 principais moedas por capitalização de mercado se movimentariam mais ou menos em sintonia com o Bitcoin. No mínimo, não se espera que elas consigam ganhos acima de 150% em comparação com o próprio Bitcoin. No entanto, não é segredo que o Dogecoin é o projeto favorito do CEO da Tesla, Elon Musk — um homem definitivamente capaz de movimentar qualquer mercado com um simples tweet. E parece que foi exatamente isso o que desencadeou essa última alta do DOGE/SHIBA. Após a tão esperada conclusão de sua emblemática aquisição do Twitter, o visionário sul-africano prometeu introduzir o DOGE como opção de pagamento para seu controverso serviço pago de obtenção do selo azul de verificação. Assim, quando Musk tweetou uma provocante imagem de um cão Shiba Inu vestindo uma camisa do Twitter ao lado de uma abóbora com o logotipo do Twitter entalhado, a mensagem à comunidade do Dogecoin foi clara: Elon pode cumprir sua promessa em breve.
Ethereum contra a corrente
Essa divergência na trajetória geral do mercado cripto não se limita apenas ao aumento inesperado das duas grandes moedas caninas. O Ethereum é outro grande projeto que vem remando contra a maré e conseguindo ganhos sólidos em relação ao Bitcoin. De fato, o Ethereum (ETH), segundo maior projeto do mercado, chocou os investidores ao atingir US$ 1.600 no rali de 20% da semana passada. Isso supera o insignificante aumento de 7% do BTC em quase 300%. No seu nível atual de US$ 1.587,27, o Ether agora se encontra cerca de 40% acima de suas baixas de julho.
Enquanto isso, o Bitcoin não se valorizou nem 5% durante o mesmo período. Muitos analistas atribuíram esse crescimento do ETH à migração do projeto para um modelo de PoS (prova de participação) em setembro. Desde essa alteração, a emissão líquida oficial do Ethereum caiu de 3,6% para quase 0%. Porém, dados da IntoTheBlock sugerem que esse indicador, na verdade, caiu abaixo de zero, o que tornaria o Ethereum uma moeda deflacionária. A redução cumulativa na oferta de ETH poderia, portanto, fazer o preço do ETH subir ainda mais no futuro.
Soltem os touros!
A pergunta que a maioria dos traders e investidores de cripto está se fazendo é a seguinte: esses ralis recentes significam que o fim do temido inverno cripto está à vista? E, embora uma andorinha não faça verão, os ganhos recentes que vimos em várias das principais moedas parecem sugerir cautelosamente que uma reversão de fato pode estar em andamento. No momento, a peça que falta no quebra-cabeças parece ser a criptomoeda original. Independente do que a comunidade possa dizer sobre utilidade e mecanismos deflacionários, o Bitcoin continua sendo o principal ativo digital e representa quase 40% do mercado de US$ 1,06 trilhão.
Assim sendo, não podemos falar do fim oficial do mercado baixista até que haja um movimento ascendente mais convincente no gráfico do BTC. Apesar disso, é animador ver outros projetos correlacionados se movendo de maneira independente conforme seus próprios fundamentos — característica determinante de classes de ativos mais maduras. Seja como for, o fato é que muitas moedas digitais estão disponíveis a preços relativamente baixos e qualquer HODLER de longo prazo faria bem em adquirir algumas moedas de qualidade enquanto pode.
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